![]() |
Divulgação/Facebook |
A Companhia de Dança Deborah Colker apresenta o espetáculo Cão Sem Plumas, no Teatro Carlos Gomes até o dia 19 de agosto. O espetáculo é baseado no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto, escrita após o poeta ler numa revista que a expectativa de vida no Recife era menor do que na Índia.
A coreografia criada por Deborah Colker mostra a pobreza da população ribeirinha, o descaso das elites, a vida no mangue, de “força invencível e anônima”. A imagem do “cão sem plumas” serve para o rio e para as pessoas que vivem no seu entorno. “O espetáculo é sobre coisas inconcebíveis, que não deveriam ser permitidas. É contra a ignorância humana. Destruir a natureza, as crianças, o que é cheio de vida”, comenta Deborah.
Durante a performance, os bailarinos se cobrem de lama, alusão às paisagens que o poema descreve, e seus passos evocam os caranguejos. O animal que vive no mangue está nas ideias do geógrafo Josué de Castro (1908-1973), autor de Geografia da fome e Homens e caranguejos, e do cantor e compositor Chico Science (1966-1997), principal nome do mangue beat. O movimento mesclava regional e universal, tradição e tecnologia. Como Deborah faz.
![]() |
Divulgação/Facebook |
A dança se mistura com o cinema. Cenas de um filme realizado por Deborah e pelo pernambucano Cláudio Assis (Amarelo Manga, Febre do Rato, Big Jato) são projetadas no fundo do palco e dialogam com os corpos dos 13 bailarinos. As imagens foram registradas em novembro de 2016, quando coreógrafa, cineasta e toda a companhia viajaram durante 24 dias do limite entre sertão e agreste até Recife.
A jornada também foi documentada pelo fotógrafo Cafi, nascido em Pernambuco. Na trilha sonora original estão mais dois pernambucanos: Jorge Dü Peixe, da banda Nação Zumbi e um dos expoentes do movimento mangue beat, e Lirinha (ex-cantor do Cordel do Fogo Encantado, poeta e ator), além do carioca Berna Ceppas, que acompan.ha Deborah desde o trabalho de estreia, Vulcão (1994). Outros antigos parceiros estão em cenografia e direção de arte (Gringo Cardia) e na iluminação (Jorginho de Carvalho). Os figurinos são de Claudia Kopke. A direção executiva é de João Elias, fundador da companhia.
Reconhecida internacionalmente, a coreógrafa brasileira recebeu em 2001 o Laurence Olivier Award na categoria Oustanding Achievement in Dance (realização mais notável em dança no mundo). Em 2009, criou Ovo, espetáculo para o Cirque de Soleil. Em 2016, foi a diretora de movimento da cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Cão Sem Plumas
Teatro Carlos Gomes - Praça Tiradentes, 19 - Centro (2215-0556)
Quintas e sextas, às 20h. Sábados e domingos, às 18h.
Até 19 de agosto.
R$ 40 (plateia), R$ 30 (balcão).
Classificação: Livre
Comentários
Postar um comentário