Exposição no Centro Cultural dos Correios explora as muitas caras do Rio

por Filipe Fernandes

O Rio do asfalto, dos morros e das matas. 7 Milhas, de José Olímpio
representa as muitas faces da Cidade Maravilhosa.

Quantas caras tem o Rio? Será que apenas o Cristo Redentor, o Pão-de-Açúcar e a praia de Copacabana conseguem representar tudo o que a Cidade Maravilhosa significa para os cariocas? Ou será que o Rio se resume apenas nas mazelas noticiadas todos os dias pelos jornais?

Desde 2003, o curador Marcelo Frazão organiza a exposição A Cara do Rio a fim de encontrar respostas para essas perguntas. Agora, em sua 11ª edição, Frazão reuniu trabalhos de 90 artistas, que procuram entender o Rio não de um ponto de vista turístico, mas partindo da visão de quem pertence à cidade.

Carnaval na Lapa,
de Castro Almeida.
Samile, Alegria do Carnaval,
de Regina Guimmaraes.
Como não poderia ser diferente, o Carnaval é o tema de muitas obras, como "Carnaval na Lapa", de Castro Almeida, e "Samile, alegria do Carnaval", de Regina Guimmaraes. As belezas naturais da cidade também são o tema de obras que trazem novas visões para símbolos da cidade, como o Pão-de-Açúcar, a Lagoa Rodrigo de Freitas ou as gaivotas.

Pesca "da Lata",
de Umberto França.
Algumas histórias clássicas do Rio são lembradas. "Pesca 'da Lata'", de Umberto França relembra o verão de 1987, mais conhecido como Verão da Lata, quando dezenas de latas contendo maconha surgiram na Praia de Ipanema. Já o Zé Carioca faz delação premiada contra o Pato Donald, em "Se Malandro Soubesse Como É Bom Ser Honesto, Seria Honesto Só Por Malandragem", de Denise Araripe, que lembra da infame Farra dos Guardanapos..

Comunicação Visual,
de Ian Guerra.
Inaudível,
de Julia Abreu.
A exposição celebra o Rio, mas também o critica. A violência é explorada em obras, como "Inaudível", de Julia Abreu, que expõe o Rio que violenta suas mulheres, e "Comunicação Visual", de Ian Guerra, que, em qualquer outro contexto, seria apenas uma silhueta vermelha de uma mão. Aqui, numa exposição sobre o Rio de Janeiro, a mensagem não poderia ser mais direta ou dolorosa.


Outros artistas preferem retratar a corrupção. Com a escultura "Sequestro de Valores", Flory Menezes abusa de uma ironia ácida pra criticar os corruptos e ladrões (representados por políticos, policiais, traficantes e turistas) que assaltam à cidade, enquanto Zulma Werneck retrata uma soturna ALERJ, em "Luto pelo Rio".

Alemão,
de Luiz Bhering.
Detalhe de Alemão,
de Luiz Bhering.
A pobreza também é abordada pela exposição. Em um primeiro momento, "Alemão", de Luiz Bhering, parece uma grande pintura abstrata. Somente de perto é que percebemos se tratar de uma fotografia de casas do Complexo do Alemão. Analogamente, a miséria e as outras mazelas geradas por ela são problemas que só podem ser compreendidos e resolvidos quando observados de perto. De nada adianta tentar solucioná-los de dentro de um escritório ou de um gabinete.

Mas, por maiores que sejam os males que assombram o Rio de Janeiro, a exposição revela que ainda há esperança para a cidade. A fênix, que surge gloriosa em "Renascimento III", de L. Lazzarotti Ogg, representa toda a resistência da Cidade Maravilhosa, que apesar de tudo, se mantém - e sempre se manterá - de pé.

Renascimento III, de L. Lazzarotti Ogg.

A Cara do Rio 2018
Centro Cultural dos Correios - Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro. (2253-1580)
Terça a domingo, das 12h às 19h.
Até 22 de abril.
Entrada franca.
Classificação livre.

Comentários

  1. Quero muito ver essa exposição! Estarei no Rio no dia 22 de março, por uma semana e pretendo ter o privilégio de visitar a exposição!

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    1. Neyde, vale muito a pena ir ver essa exposição. Você já conhece nossa página do Facebook? Se inscreve lá pra saber de tudo o que anda acontecendo aqui pelo Rio. www.facebook.com/RioCultura-327251271124313/

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