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Tudo é Um, o novo álbum de Zélia Duncan retoma a parceria entre a cantora e o compositor Christiaan Oyens, com quem já havia trabalhado no DVD Totatiando, um álbum de sambas e outros dois álbuns dedicados a Itamar Assumpção e Milton Nascimento, o último em dupla com Jaques Morelenbaum.
O álbum também marca a volta da cantora ao pop folk autoral, dez anos depois de Pelo Sabor do Gesto. De lá pra cá, muita coisa mudou, segundo a cantora. "Apareceu uma vontade louca de olhar pro começo de tudo, onde eu e Christiaan imprimimos nossa dupla, que trazia uma sonoridade que eu gostava de chamar de Pop Folk Brasileiro", explica Zélia.
Para Zélia, o álbum foi uma forma, ainda que inconsciente, de superar o período turbulento que passamos durante o ano de 2018. "É no mínimo de se admirar, que o resultado seja tão suave e eu diria até gentil. Não me dei conta enquanto fazia, do quanto eu estava precisando dessa leveza em algum lugar do meu universo", ela comenta.
Leveza essa que ela deve ter encontrado entre os amigos, já que todo o álbum parece apontar para temas como amizade, companheirismo e união. Seja nas letras das canções ou no processo criativo das faixas, uma vez que o álbum é fruto de diversas parcerias com artistas como Oyens, Zeca Baleiro, Fred Martins, DimitriBR, entre outros.
De acordo com a cantora, a própria gravação trouxe essa preocupação de unidade. "Este álbum foi quase todo gravado ao vivo, ou seja, com todos nós tocando juntos, inclusive a voz, com exceção de metais e cordas. Minha voz reage aos instrumentos, que reagem a mim, porque 'tudo é um'. Um mesmo desejo gigante de arrancar prazer dessa vida e encontrar mais, muito mais cúmplices por aí", comenta Zélia.
Por isso, a música escolhida para abrir o álbum não poderia ter sido melhor. Canção de Amigo, além de trazer a sonoridade pop folk que é marca de Zélia, a faixa traz uma reflexão sobre o que é amizade (Ser quem se é, aceitar o que não deu pra ser. Receita pra não sofrer: não ser perfeito. Mas ser você). O tema do companheirismo volta em Só Pra Lembrar, onde Zélia e Dani Black se apresentam como mão amiga, "um braço que te carrega".
O Que Mereço, composta por Juliano Holanda, traz um ar de simplicidade com uma deliciosa pegada country onde Zélia canta não querer "nenhum choro a mais, nenhum sorriso a menos", apenas o que ela merece. "Irresistível, esse folk/country, meio Dylan, com jeito simples e cheio de profundidades, já ganhou status de 'single' e tudo", declara a cantora.
Tudo é Um, canção que dá título ao álbum possui uma interessante história de bastidores que tem tudo a ver com a mensagem de unidade da faixa e do álbum. "Chico César é um artista muito abrangente e deixa sua marca por onde for. Suas frases melódicas delatam seu sotaque e a guitarrada sugerida é de Rodrigo Suricato. Christiaan cismou com um instrumento antigo, que atende pelo nome de Duduk e descobrimos que um dos especialistas no Brasil é o músico carioca Zé Nogueira, que além de fazer um comovente solo, também nos informou que é um instrumento armênio. Não podia haver faixa mais apropriada para essa mistura toda. Paraíba, Niterói, Armênia, Belém, 'tudo é um, tudo é resto de alguém'!", revela Zélia.
Roberto Setton |
Breve Canção de Sonho traz uma versão repaginada, mais encorpada da canção que foi trilha da novela Cheias de Charme (2012) e que ainda não tinha entrado em nenhum álbum.
O tema da amizade volta em Feliz Caminhar, composta com Moska. A letra poética, traz um maravilhoso conselho a um amigo angustiado: "Deito sua cabeça no meu colo, te imploro pra respirar macio, pra lembrar que quando a vida esmurra a porta a gente solta o trinco e lhe oferece um chá, pede calma e bota a alma pra pensar".
A última faixa do álbum, Eu vou Seguir, traz a resposta desse amigo: "Tudo bem, relaxa, não acha mais nada, vamos encontrar outro jeito. Eu vou, eu vou, eu vou seguir". Aqui mais uma vez a amizade influenciou no processo de criação da música. De acordo com a cantor, "nasceu baixinha, sussurrada. Foi Christiaan, sempre ele, que a transformou em grandiloquente". E poe grandiloquente, cada elemento musical parece ter sido retirado de um álbum dos Beatles, do piano a orquestra de cordas, passando pelo coral que canta um "na na na na" no final da faixa.
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