Exposição do BNDES valoriza arte popular

Esculturas do niteroiense Adalton Lopes recria as partidas de sinuca
e as jogatinas de bares. (Foto: Filipe Fernandes/Rio+Cultura)

Um contraponto à arte erudita. Essa é a proposta da mostra Fronteiras da Arte - Criadores Populares, em exposição no Espaço Cultural BNDES, até o dia 28 de junho. A partir do acervo do Museu Casa do Pontal, a mostra, que reúne 100 esculturas de 27 artistas brasileiros, pretende provocar o publico a rever os seus conceitos sobre o que de fato é arte.

Escultura em raízes de árvores do carioca Dadinho.
(Foto: Filipe Fernandes/Rio+Cultura)
Segundo a curadora Angela Mascelani, essa classificação de "arte popular" e "arte erudita" vem se tornando ultrapassada. "Com a difusão do conceito de decolonialismo, abriram-se novas possibilidades para se repensar os indivíduos e grupos silenciados e suas historias", afirma Angela no texto que abre a mostra.

Ainda segundo a curadora, a arte é um excelente meio para se questionar as "hierarquias e noções de sujeitos subaltenos e centralidades hegemônicas", pensamento herdado dos tempos coloniais. A partir das obras de artistas populares como o niteroiense Adalton Lopes, a mineira Noemisa e o cearense Francisco Graciano, a mostra subverte a noção de que apenas artistas com algum estudo formal merecem reconhecimento.

Obra de Mestre Galdino.
(Foto: Filipe Fernandes/Rio+Cultura)
Entre as obras destacam-se as impressionantes esculturas do carioca Dadinho que constrói cidades retorcidas esculpidas em raízes de árvores e as horríveis bestas do pernambucano Mestre Galdino que deixa sua imaginação fluir livremente através de suas esculturas e poemas.

A mostra ainda reserva um espaço para as máscaras confeccionadas para a celebração do Bumba-meu-boi, tradicional festa popular do Maranhão.

Salve a Casa do Pontal

Fechada desde o dia 9 de abril, por conta das fortes chuvas que inundaram o museu, a Casa do Pontal está organizando um financiamento coletivo a fim de recuperar e reabrir a instituição que possui o maior acervo de arte popular do Brasil, com 10 mil esculturas de cerca de 300 artistas brasileiros. O esperado é arrecadar, até o dia 23, 80 mil reais para abertura parcial do museu e 320 mil para reabrí-lo totalmente. Até ontem (11) à noite, as doações já passavam de 79 mil reais.

Em 2016, a Prefeitura do Rio de Janeiro cedeu ao Museu um terreno na Barra da Tijuca, além de garantir recursos para a construção de uma nova sede. As obras começaram em junho de 2016 e estavam previstas para terminar em julho de 2017. No entanto, quando faltavam apenas 5 meses para sua conclusão, as obras foram paralisadas, por falta de pagamento. Há dois anos a Prefeitura afirma que retomará as obras, porém, elas ainda permanecem paradas.


Fronteiras da Arte - Criadores Populares
Espaço Cultural BNDES - Avenida Chile, 100 - Centro (0800-702-337).
Segunda a Sexta, das 10h às 19h
Até 28 de junho.
Entrada franca.
Classsificação: Livre.

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