Christovam de Chevalier comemora 20 anos de poesia

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Christovam de Chevalier está lançando seu terceiro livro de poesias, Marulhos, Outro Barulhos e Alguns Silêncios, pela editora 7 Letras. O livro é uma forma de comemorar os 20 anos em que se divide em dois para viver como jornalista e poeta. “O primeiro é quem paga as contas, mas tenho fé de que, algum dia, ambos vão dividir as despesas”, brinca Christovam.

Dividido em três partes, o livro começa com uma homenagem a Cecília Meirelles. Em O momento presente (Motivo remix), Christovam parafraseia o poema Motivo e seu discurso de que poesia não tem gênero: "A poeta nos disse cantar porque existe/o instante e que sua vida estava completa/E não importa, com sua licença, o que insiste/em sermos agora. Se homem, mulher ou poeta".

A primeira parte, Marulhos, o autor trata do mar como uma metáfora para um amor que cumpre seu ciclo. Nessa coletânea de 18 poemas, Christovam fala da euforia do encontro (Um homem entregue à pena do mar/ ao degredo do mar/ ao indulto do mar/ Meu crime?/ Amá-lo acima dos homens) ao luto do término (O marinheiro foi-se/sem deixar pistas de seu destino/ Foi-se como a vida esvai-se/ sem fazer (ou ter) nenhum sentido).

Em Poema grito, segunda parte da coletânea, encontramos 18 poemas que podem ser lidos individualmente ou como um só. Aqui, o autor se utiliza da poesia para entender seu próprio processo criativo e o que deseja realizar com seus poemas (Poema-grito que reverbere pelas paredes/ricocheteie nos edifícios/adentre apartamentos/ ensurdeça cada cidadão).

Na terceira e última parte, Cantares de amor às pessoas do meu tempo, o poeta reflete sobre os acontecimentos da vida do próprio poeta e de alguns de seus amigos. Aqui, Christovam reflete sobre o fim de mais uma relação amorosa (Tuas ausências, tuas mentiras/o vazio que era você agora é imenso/ O que encontro de melhor em mim/ é algo que não te confesso), além de dedicar alguns poemas à artistas amigos, como as cantoras Fhernanda Fernandes (A Propósito de uma Cantora) e Laura Finocchiaro (A Artista e Seu Ofício), que completaram, respectivamente, 35 e 30 anos de carreira.

A orelha da obra é assinada pela crítica e curadora de arte Claudia Ahimsa, que chama a atenção para a qualidade da coletânea: “E impressiona o seu phatos, seu mundo reconstruído (...) assim como o aspecto formal estruturado, o metro, a rima, a sintaxe na linha do irretocável”, comenta Claudia, “o conteúdo libertário, de alma ‘bravia feito o mar’, em versos de alta precisão. Navegar é preciso”.