A artista Rosana Paulino produz obras que denunciam a invisibilidade da mulher negra. (Foto: Daniela Paoliello) |
O Museu de Arte do Rio (MAR) recebe até o dia 25 de agosto a exposição Rosana Paulino: a Costura da Memória. Após temporada de sucesso na Pinacoteca, em São Paulo, a mostra individual da artista chega ao Rio com 140 obras produzidas ao longo dos seus 25 anos de carreira.
Assinada por Valéria Piccoli e Pedro Nery, curadores do museu paulistano, a mostra reúne esculturas, instalações, gravuras, desenhos e outros suportes, que evidenciam a busca da artista no enfrentamento com questões sociais, destacando o lugar da mulher negra na sociedade brasileira.
Uma de suas obras, Parede da Memória, é formada por 11 fotografias da família de Rosana, que se repetem para que juntas formem um grande mural composto por 1500 peças. As fotos são distribuídas em formatos de “patuás” – pequenas peças usadas como amuletos de proteção por religiões de matriz africana.
Dessa forma, o mural denuncia a invisibilidade dos negros e negras que não são percebidos como indivíduos. Quando os 1.500 pares de olhos são postos na parede, “encarando” as pessoas, eles deixam de ser ignorados. De forma poética, a artista demonstra que os negros só conseguem ter voz quando se juntam para encarar o resto da sociedade.
Outros trabalhos
A exposição também conta com uma série lúdica de desenhos feitos por Rosana Paulino, na qual a artista revela sua fascinação pela ciência e, em especial, pela ideia da vida em eterna transformação. Os ciclos da vida de um inseto são feitos e comparados com as mutações no corpo feminino, por exemplo. A instalação Tecelãs (2003), composta de cerca de 100 peças em faiança, terracota, algodão e linha, leva para o espaço tridimensional o tema da transformação da vida explorado nos desenhos.
Em alguns de seus trabalhos a relação de ciência e arte é destacada, como em Assentamento (2013). A série retrata gravuras em tamanho real de uma escrava feitas por Ausgust Sthal para a expedição Thayer, comandada pelo cientista Louis Agassiz, que tinha como objetivo mostrar a superioridade da raça branca às demais. Para Paulino, “a figura que deveria ser uma representação da degeneração racial a que o país estava submetido, segundo as teorias racistas da época, passa a ser a figura de fundação de um país, da cultura brasileira. Essa inversão me interessa”, finaliza a artista.
Rosana Paulino: A Costura da Memória
Museu de Arte do Rio (MAR) - Avenida Marechal Floriano, 168 - Centro (2211-4819)
Terça, das 10h às 19h. Quarta a Domingo, das 10h às 17h.
Até 25 de agosto.
R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia). Às terças, a entrada é gratuita.
Classificação indicativa: Livre.
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