CCBB expõe peças resgatadas do Museu Nacional

Filipe Fernandes/Rio+Cultura

O grande luto que tomou o país no dia 2 de setembro de 2018 parece que está sendo curado. Isso porque a nova mostra do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) expõe as peças resgatadas do incêndio que destruiu o Museu Nacional.

Meteorito Santa Luzia. (Filipe
Fernandes/Rio+Cultura)
Através da exposição Museu Nacional Vive - Arqueologia do Resgate, o público pode conferir de perto cerca de 180 itens, dos quais 103 são peças resgatadas das cinzas inteiras ou danificadas enquanto as demais foram preservadas por estarem fora da área do incêndio ou emprestadas a outras instituições.

Para Marcelo Fernandes, gerente geral do CCBB Rio, a exposição é motivo de orgulho para o centro cultural. "Apresentar para o público parte do trabalho de resgate do acervo do Museu Nacional é algo muito especial não só para o CCBB, mas também para todas as instituições culturais do Brasil e do mundo e para a população de uma forma geral, que viu e sofreu com o incêndio que destruiu uma história de 200 anos. Com esta exposição, celebramos o reinício do Museu", Marcelo comenta.

A Exposição


Exposição fica no segundo andar do CCBB. (Filipe Fernandes/Rio+Cultura)

Ocupando duas salas do segundo andar do CCBB, a mostra contempla todas as áreas de pesquisa da instituição: Antropologia, Botânica, Entomologia, Geologia e Paleontologia, Invertebrados e Vertebrados.

Reprodução do crânio de
Luzia. (Filipe Fernandes/
Rio+Cultura)
Entre os itens expostos está o Meteorito Santa Luzia que caiu do espaço em Luziânia, Goiás, em 1922, e foi doado para o Museu Nacional pelo Governo Federal, em 1931. O público encontrará ainda animais taxidermizados; crânios de rinoceronte, boto, pacamara; peixes, tartarugas, sapos, pouquíssimos insetos (segmento muito afetado pelo incêndio); corais, peças-tipo (primeira vez que foram classificadas) como conchas e crustáceos,.

As Esculturas de Shabti de Haremakhbit de faiança, do Egito Antigo, de 1380 a.C., se salvaram e estarão em exibição. Shabti são pequenas estatuetas, colocadas nas tumbas, representando servos cuja função era substituir o morto em seus trabalhos na pós-vida.

Ainda no mesmo espaço estarão as coleções regionalistas, como as peças em pedra em forma de ave e peixe (zoólitos) de Santa Catarina, cerâmica Marajoara, elementos ligados aos rituais dos orixás como flechas, argolas africanas do século XIX, agogô e búzios do Benin; bonecas Karajá, panelas do Xingu e um conjunto de miniaturas de cerâmica da região norte-nordeste.

Reprodução do Trono de
Daomé por Miguel
Monteiro Nunes. O original
foi destruído no incêndio.
(Filipe Fernandes/
Rio+Cultura)
Do herbário, um dos cinco mais importantes do mundo, há um conjunto de amostras de plantas prensadas [exsicatas] das coleções de D. João VI, D. Pedro I, Dom Pedro II, da Imperatriz Teresa Cristina,da Princesa Isabel e de grandes expedições estrangeiras ao Brasil, como a missão francesa.

A Reconstrução do Museu Nacional

O projeto Museu Nacional Vive já é uma realidade. Até o final de março, a empresa contratada para as obras emergenciais do Museu Nacional vai concluir as obras de estabilização, instalar uma cobertura provisória no prédio e entregar um laudo das patologias derivadas do incêndio. As obras já realizadas permitiram que a imprensa pudesse ver de perto, no dia 12 de fevereiro, como estão as estruturas do Palácio após o incêndio assim como acompanhar o esforço e dedicação dos pesquisadores que integram a equipe de resgate.

No mesmo dia, a UFRJ lançou edital para a licitação de projetos executivos, necessários para a contratação de obras de recuperação do telhado e estruturas de sustentação e a fachada do prédio, tombadas pelo IPHAN. A licitação, contratação e o início destes investimentos deverão ocorrer na segunda metade de 2019 e será financiada, em grande parte, pelos recursos da emenda impositiva que a bancada do Rio (Deputados e Senadores) alocou para o Museu Nacional, no valor de R$ 55 milhões.

Harpia ou Gavião-Real,
símbolo da Sociedade
Amigos do Museu Nacional.
(Filipe Fernandes/
Rio+Cultura)
Para promover um planejamento e gestão eficiente e transparente do projeto Museu Nacional Vive o MEC alocou R$ 5 milhões que serão executados pela UNESCO, órgão das Nações Unidas dedicado à educação e cultura. O apoio do MEC, inicialmente através dos recursos emergenciais e agora em seus desdobramentos, se revela de importância estratégica para a recuperação deste patrimônio único e valioso do país.

O MCTIC, através da FINEP (com R$ 10 milhões) e da CAPES (com R$ 2,5 milhões) e o Ministério da Economia, através do BNDES (com recursos da ordem de R$ 20 milhões) também estão apoiando a reconstrução da capacidade de pesquisa do Museu Nacional.

De acordo com Alexandre Kellner, diretor do Museu Nacional, o pessimismo inicial dá hoje lugar à confiança de que muito será recuperado. "Graças a um trabalho intenso e heroico de servidores da instituição é que hoje podemos ver parte do material resgatado, e, felizmente, ainda há muito mais por vir. Essa exposição é uma demonstração clara de que o Museu Nacional VIVE!", o diretor comemora.

Museu Nacional Vive – Arqueologia do Resgate
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) - Rua Primeiro de Março, 66 - Centro (3808-2020)
Quarta a segunda, 9 às 21h.
Até 29 de abril.
Entrada franca.
Classificação indicativa: Livre .

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