Caros leitores,
gostaria de pedir perdão pela semana de silêncio sobre a tragédia do último dia 2. Talvez eu deveria ter me manifestado sobre a tragédia que queimou não apenas o Museu Nacional mas a memória e a identidade de cada brasileiro. O fato é que quis esperar para ter a certeza de que não estava sonhando. Eu sei, uma esperança tola. Mas, como dizem, ela é a última que morre.
Não é de hoje que se vê a diminuição da cultura no nosso país. O fato é que isso não acontece por simples ignorância ou falta de sensibilidade artística. Mas um projeto político para levar o povo ignorância.
Também não é culpa do governo Dilma/Temer como pode parecer. Eles também tem suas parcelas de culpas, mas a dividem com Lula, FHC, Itamar Franco, Collor, Sarney... E a lista de culpados prossegue, ou melhor retrocede, invadindo o período da ditadura militar.
Porém, quero aqui, pensar até que ponto a culpa é dos nossos governantes? Não tenho a menor intenção de isentá-los do crime contra a cultura cometidos por eles. Mas sera que também não temos responsabilidade de levar o Museu até aquele estado de calamidade? Quantos não deixaram de ir ao Museu Nacional e preferiram museus mais moderninhos, como o do Amanhã, que propõe olhar para o futuro. Mas como podemos falar num amanhã se não nos preocupamos em aprender com os erros de ontem?
Eu mesmo confesso minha culpa - e peço perdão - porque, em quase nove meses do Rio+Cultura, não citei nenhuma vez o quinto maior museu do mundo e o maior da América Latina. Sequer sabia desse fato. Tampouco sabia da raridade dos itens de seu enorme acervo, formado por sarcófagos ainda selados, fósseis pré-históricos, além de importantes documentos da nossa história.
Mas acredito que essa ignorância não seja só minha. Quantos sabiam disso antes do incêndio? E quantos sabiam que o Museu Nacional não era apenas um centro de exposições, mas uma instituição científica? Acredito que isso só reforça a tese do esvaziamento da cultura e da educação como agenda politica.
Que nas eleições que se aproximam, possamos escolher candidatos que saibam valorizar a cultura e a educação. Que possamos dar um fim na tendência dos últimos governos. Que lutemos para evitar a repetição da tragédia.
Atenciosamente,
Filipe Fernandes
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