Um tributo a Luiz Melodia


Um tributo a Luiz Melodia aconteceu no Theatro Municipal na última quarta-feira, durante o 29º Prêmio da Música Brasileira, o maior prêmio do cenário musical brasileiro. Desde a sua primeira edição, em 1988, o Prêmio tem a tradição de homenagear grandes nomes da música brasileira, como Maria Bethânia, Gonzaguinha e Ney Matogrosso.

Fabiana Cozza abriu o show com Ébano.
(Reprodução/Youtube)
Luiz Melodia nasceu em 7 de janeiro de 1951, no Morro de São Carlos, no Estácio. Ali ele cresceu e desenvolveu seu dom musical que veio de berço, afinal seu pai era Oswado Melodia. Foi o compositor de grandes sucessos como A Voz do Morro, Negro Gato e Pérola Negra. Em 4 de agosto do ano passado, Melodia faleceu devido a um mieloma múltiplo.

A atriz Leandra Leal abriu a premiação confessando que é fã de Melodia e se considerava a primeira premiada por ter tido a honra de abrir a cerimônia e destacou os talentos musicais do Negro Gato. "As curvas do seu canto se enroscavam em seus movimentos. Sua voz era puro músculo. Força de metal. Imprevisível e corporal. Sua maneira de compor: irreverente e livre como a sua imagem. Meio jazz, meio samba, meio blues, meio choro, meio baião, meio bolero. Completamente brasileiro!", disse Leandra.

Hamilton de Holanda, Pedro Luis e Yamandú Costa
perfomaram Fadas. (Reprodução/Youtube)
Em seguida, Fabiana Cozza abriu o show com Ébano. Excelente escolha devido a sua voz potente e forte, mas sabendo ser suave quando quer. O arranjo trazia um pouco das inúmeras influências musicais de Melodia. Lenine e seu filho, João Cavalcanti, cantaram Congênito como uma forma de representar a relação de pai-e-filho entre Luis Melodia e seu pai.

A inconfundível voz de Alcione e o violonista Renato Piau, grande amigo de Melodia, foram os responsáveis pela performance de Estácio, Holly Estácio, canção em que Melodia declarava o amor pelo bairro onde nasceu e foi criado. Já Pedro Luis cantou Fadas acompanhado das cordas furiosas de Hamilton de Holanda e Yamandú Costa.

Família Veloso se uniu para cantar Pérola Negra.
(Reprodução/Youtube)
A noite contou ainda com as performances de Ceú (Salve Linda Canção Sem Esperança), Áurea Martins e Xênia França (Juventude Transviada), Zezé Mota e Sandra de Sá (Doces de Amores) e Baby do Brasil (Magrelinha).

Já o momento mais inesquecível foi o encontro da família de Dona Canô. Ao lado da irmã Maria Bethânia e dos filhos Moreno, Zeca e Tom, Caetano Veloso cantou Pérola Negra. Os cinco estavam visivelmente emocionados por dividirem o palco pela primeira vez. Infelizmente, porém, faltou um melhor entrosamento vocal entre eles. O arranjo vocal deixou a desejar. Falha que foi compensada com o trio Liniker, Lazzo e Iza que arrasaram ao cantar Negro Gato que veio com uma irresistível batida de funk, fechando a cerimônia com chave de ouro.

Liniker, Lazzo e Iza encerraram o Prêmio com Negro Gato.
(Reprodução/Youtube)
Débora Bloch e Camila Pitanga foram as responsáveis por contar um pouco da história e das influências de Melodia e de anunciar os vencedores da noite. Bem descontraídas, elas souberam os momentos certos de sair do roteiro e se destacaram ao elogiar a roupa de LED de Donatinho ou ao pedir a plateia uma salva de palmas para Alcione, pedido atendido prontamente que aplaudiu a cantora de pé. O mesmo aconteceu mais tarde com As Galvão, dupla sertaneja formada há 70 anos pelas irmãs Meire e Marilene.

Por conta da estrutura da cerimônia, não houve muito espaço para os artistas se manifestarem ideológica e politicamente. Para evitar que a cerimônia seja longa e cansativa, não há discursos dos vencedores. Porém isso não impediu que a plateia se unisse em um coro de "Lula Livre!".

Com direção geral de José Mauricio Machline, o 29º Prêmio da Música Brasileira foi escrito por Zélia Duncan. Os arranjos e a direção musical ficaram por conta do Maestro João Carlos Coutinho. A cenografia foi idealizada por Gringo Cardia, inspirada nas obras do artista plástico Rubens Gerchman.

VENCEDORES DO 29º PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA

CANÇÃO POPULAR

Melhor álbum - Bixa (As Bahias e a Cozinha Mineira)
Melhor cantor - Roberto Carlos (Roberto Carlos)
Melhor cantora - Alcione (Boleros)
Melhor dupla - Chitãozinho e Xororó (Elas em Evidência)
Melhor grupo - As Bahias e a Cozinha Mineira (Bixa)

CANÇÃO REGIONAL

Melhor álbum - Caipira (Mônica Salmaso)
Melhor cantor - Mestrinho (É Tempo Pra Viver)
Melhor cantora - Mônica Salmaso (Caipira)
Melhor dupla - As Galvão (Soberanas)
Melhor grupo - Trio Nordestino (Canta o Nordeste)

MPB

Melhor álbum - Caravanas (Chico Buarque)
Melhor cantor - João Bosco (Mano que Zuera)
Melhor cantora - Zélia Duncan (Invento)
Melhor grupo - Equale (Na Praia de Caymmi)

INSTRUMENTAL

Melhor álbum - Quebranto (Yamandú Costa e Alessandro Penezzi)
Melhor grupo - Hermeto Pascoal (No Mundo dos Sons)
Melhor solista - Yamandú Costa (Quebranto)

POP/ROCK/REGGAE/HIP HOP/FUNK

Melhor álbum - Estado de Poesia ao Vivo (Chico César)
Melhor cantor - Lulu Santos (Baby, Baby!)
Melhor cantora - Gal Costa (Estratosférica)
Melhor grupo - Os Novos Baianos (Acabou Chorare)

SAMBA

Melhor álbum - Ao Vivo no Bar Pirajá (Moacyr Luz e Samba do Trabalhador)
Melhor cantor - Criolo (Espiral de Ilusão)
Melhor cantora - Leci Brandão (Simples Assim)
Melhor grupo - Moacyr Luz e Samba do Trabalhador (Ao Vivo no Bar Pirajá)

CATEGORIAS ESPECIAIS

Melhor álbum eletrônico - Sintetizamor (João Donato e Donatinho)
Melhor álbum erudito - Heitor Villa-Lobos, Sinfonias nº 8, 9 e 11 (OSESP)
Melhor álbum infantil - Deu Bicho na Casa (Sula Kossatz)
Melhor álbum em língua estrangeira - Ay Amor! (Fabiana Cozza)
Melhor canção - Tua Cantiga (Chico Buarque)
Melhor arranjador - Mario Adnet (Jobim Orquestra e Convidados)
Melhor projeto especial - Tatanaguê (Theo de Barros e Renato Braz)
Melhor DVD - Jobim Orquestra e Convidados (Paulo Jobim e Mario Adnet)
Melhor videoclipe - Culpa (O Terno)
Melhor projeto visual - Campos Neutrais (Felipe Taborda)
Revelação Petrobrás - Almério (Desempena)

Comentários