Não dá pra negar. Brasileiro ama uma telenovela. Você pode até fingir que não gosta, mas duvido que nunca tenha parado pra ver uma cena. E é pra falar dessa verdadeira paixão nacional, que o ator Roberto Frota lança o seu primeiro livro: Mão de Flor, que fala sobre o sequestro de Leopoldo Maia, dono da LMC, um dos maiores impérios de comunicação do Brasil.
O livro não se preocupa em esconder a vasta experiência de Roberto Frota com televisão. Pelo contrário, sua trajetória profissional influencia totalmente a trama. O poder das telenovelas está presente desde o mote central da história até o estilo com que Frota escreve. De forma rápida e objetiva, ele traz uma série de cenas curtas que simulam o ritmo rápido das novelas. Dessa forma, o autor consegue deixar o leitor sem fôlego e ansioso em saber o final da história, que parece em vários momentos parece estar proximo, até aparecerem diversas reviravoltas novelísticas que estendem o livro por mais algumas páginas.
Em compensação, quando a trama chega ao fim, as consequências do sequestro são fatais. Surgem políticos que fazem campanha em cima do sequestro, escolas de samba brigando pra ter monopólio da história, militantes propondo boicote à emissora e o sequestrador se tornando heroi nacional. Ou seja, mais uma vez o país para pra acompanhar a impressionante história. Com isso, a LMC finalmente resolve ceder aos pedidos do sequestrador para preservar a ordem pública.
Ao contrário de outros livros policiais, Mão de Flor não se preocupa na caçada ao criminoso. O leitor já sabe logo de início que ele é Chico, jardineiro de Leopoldo. O foco está mais na razão do sequestro, que não é por dinheiro, e sim por algo mais compreensível. Ainda assim, conhecemos a razão logo na metade da história, quando o foco passa a ser as consequências do sequestro.
O livro sabe explorar os ambientes cariocas: as praias da Zona Sul, a favela da Rocinha, uma gruta em Campo Grande. Até mesmo o município de Itaguaí é lembrado por Frota, que mostra um Rio diverso que não se detém nas regiões nobres da cidade. Aliás, essa é outra semelhança do livro com as telenovelas: desigualdade social. Existe o núcleo rico e o núcleo pobre e a trama gira em torno da relação entre elas.
Da mesma forma, a história não se esquece do tradicional núcleo cômico formado principalmente por dois personagens: o Sargento Donetti que sofre de prisão de ventre e a diretora da LMC Pompéia Villaboim, uma moralista repirimida que desconfia que todos os homens que se aproximam dela possuem "intenções excusas". Esses personagens demonstram a estética tipicamente exagerada com que Frota pinta o Rio. Exagero que faz com "naturalidade", de forma que as situações não soem forçadas.
Algumas tramas paralelas também ajudam a compor a história, como a do fotógrafo Rodrigo que está em coma enquanto sua esposa Letícia está prestes a dar a luz e a de Laura Maia, filha de Leopoldo, que namora secretamente a sua sócia, Márika.
Porém, apesar de paralelas, as tramas se interligam porque fazem parte de uma "sucessão de acontecimentos gerados apenas por um fato. Tudo estava encadeado, estabelecendo uma perfeita sucessão de causa e efeito". Dessa forma, tudo contribui para o desenvolvimento da trama, bem amarrada.
Não há dúvidas que os fãs de romances policiais vão curtir a obra de Frota que pode ser comparada a outros escritores do gênero, como Agatha Christie e Marcos Rey.
Divulgação/Editora Viseu |
O livro sabe explorar os ambientes cariocas: as praias da Zona Sul, a favela da Rocinha, uma gruta em Campo Grande. Até mesmo o município de Itaguaí é lembrado por Frota, que mostra um Rio diverso que não se detém nas regiões nobres da cidade. Aliás, essa é outra semelhança do livro com as telenovelas: desigualdade social. Existe o núcleo rico e o núcleo pobre e a trama gira em torno da relação entre elas.
Da mesma forma, a história não se esquece do tradicional núcleo cômico formado principalmente por dois personagens: o Sargento Donetti que sofre de prisão de ventre e a diretora da LMC Pompéia Villaboim, uma moralista repirimida que desconfia que todos os homens que se aproximam dela possuem "intenções excusas". Esses personagens demonstram a estética tipicamente exagerada com que Frota pinta o Rio. Exagero que faz com "naturalidade", de forma que as situações não soem forçadas.
Algumas tramas paralelas também ajudam a compor a história, como a do fotógrafo Rodrigo que está em coma enquanto sua esposa Letícia está prestes a dar a luz e a de Laura Maia, filha de Leopoldo, que namora secretamente a sua sócia, Márika.
Porém, apesar de paralelas, as tramas se interligam porque fazem parte de uma "sucessão de acontecimentos gerados apenas por um fato. Tudo estava encadeado, estabelecendo uma perfeita sucessão de causa e efeito". Dessa forma, tudo contribui para o desenvolvimento da trama, bem amarrada.
Não há dúvidas que os fãs de romances policiais vão curtir a obra de Frota que pode ser comparada a outros escritores do gênero, como Agatha Christie e Marcos Rey.
Comentários
Postar um comentário