LIVRO DO MÊS - No Fundo de Doze Histórias Corre um Rio

por Filipe Fernandes


Homenagem ao Rio de Janeiro, de Telmo. (Divulgação)

Hoje é dia de coluna nova aqui no blog! A partir de hoje, toda primeira segunda-feira de cada mês, vou indicar um livro que eu tenha curtido. E a primeira indicação não poderia ser outra. Uma coletânea de contos sobre a Cidade Maravilhosa: No Fundo de Doze Histórias Corre Um Rio.

O livro comemora os 452 anos do Rio trazendo doze contos de autores clássicos e contemporâneos selecionados pelo jornalista Márcio Vassallo. Entre os clássicos, Machado de Assis, Lima Barreto e Carlos Drummond de Andrade. Entre os contemporâneos, Anna Claudia Ramos, João Anzanello Carrascoza, Susana Maria Fernandes, entre outros.

Fugindo do erro de falar apenas do Rio das praias da Zona Sul, o livro procura explorar a diversidade geográfica da cidade, explorando as ruas do Centro e alguns bairros da Zona Norte. Porém, a Zona Oeste é - mais uma vez - completamente esquecida.

Memórias de infância são temas recorrentes nos contos, ajudando a dar um toque mágico às histórias. Em Parque Lage, Minha Casa, Marina Colasanti resgata velhas lembranças, como o ritual da família de ir ao Municipal, enquanto Stella Maris Rezende passeia com avó pelas ruas do Centro da cidade, em A Echarpe Verde-Cré.

Em algumas histórias, vemos a mágica se tornar real. Em Minha Pedra, uma Maria Ribeiro ainda criança pede à Pedra da Gávea que proteja seus. Já as calçadas de Vila Isabel cantam chorinho, em Lá em Vila Isabel, de Flávio Carneiro.

Já Lima Barreto ficou responsável por mostrar um lado mais negativo do Rio: a escravidão. Porém, seu conto Maio o faz de forma leve, preferindo falar da Abolição da Escravatura e contando suas lembranças de infância da época em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.

O livro é ilustrado com obras do antigo Museu de Arte Naif, fechado em 2016. As pinturas são belíssimas. As cores fortes e os traços simples ajudam a passar a ideia do Rio mágico e encantador representado nos contos dos livros. As ilustrações, que combinam perfeitamente com as histórias, tornam o livro ainda mais especial.

De fato, o Rio de Janeiro não poderia ter ganhado melhor presente de aniversário.

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E aí, gostou da indicação desse mês? Alguma ideia sobre o que falar mês que vem? Estou entre O Sol na Cabeça, de Geovani Martins, e Nobel, de Jacques Fux. Deixe um comentário dizendo qual vocês preferem ou sugerindo outros livros.

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