Dia de Choro no Rio de Janeiro

por Filipe Fernandes


Rio comemora o Dia do Choro com programação especial em diversos
pontos da cidade. (Foto: Divulgação/Secretaria Municipal de Cultura)

Na próxima segunda (23), a cidade do Rio de Janeiro comemora o Dia do Choro. Organizado pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio, em parceria com o Instituto Casa do Choro, a programação inclui uma série de atividades realizadas em diferentes pontos da cidade, como um passeio de VLT com o conjunto Os Matutos, diversos shows na Praça Tiradentes e uma roda de choro em Olaria. A programação completa você pode conferir no fim da postagem.

É a segunda vez que a cidade comemora o Dia do Choro, desde que ele entrou para o Calendário Cultural Oficial da Cidade, no ano passado. Para a secretária municipal de Cultura do Rio Nilcemar Nogueira, o Dia do Choro valoriza não só a música, mas também a alma da cidade. “O choro é um ritmo genuinamente carioca, um patrimônio a ser cada vez mais celebrado e valorizado, tocado em todos os cantos do Rio de Janeiro. Viva Pixinguinha!”, afirma Nilcemar.

“Essa união de esforços nada mais é do que nosso total respeito ao próprio choro, que é agregador por natureza e sempre precisou do trabalho em conjunto para chegar aonde chegou”, observa a presidente da Casa do Choro, a cavaquinista Luciana Rabello, que saúda a entrada do Dia do Choro no calendário oficial da cidade. “É uma conquista não só dos chorões, como de todos que gostam da boa música brasileira, dessa música que é um alicerce da cultura do nosso país.”


O dia 23 de abril foi escolhido por ser a data do nascimento de Pixinguinha, um dos responsáveis pelo reconhecimento musical do choro. Nascido em 1897, se chamava Alfredo da Rocha Viana Filho. Ainda criança, Pixinguinha aprendeu a tocar flauta, instrumento que veio tocar mais tarde quando entrou no grupo Oito Batutas. Pixinguinha é autor de Carinhoso, considerada uma das maiores composições da música popular brasileira.

Pixinguinha ganhou esse apelido depois de contrair varíola. Na época, a doença era popularmente chamada de bexiga. Foi quando ele começou a ser chamado de Bexiguinha. Aos poucos, o apelido foi se transformando até se transformar em Pixinguinha.

Além de Pixinguinha, a edição de 2018 do Dia do Choro também irá comemorar o centenário de outros dois grandes mestres do choro: Jacob do Bandolim e Dino Sete Cordas. Jacob do Bandolim (Jacob Pick Bittencourt) se consagrou por ser autor de sucessos como “Noites cariocas”, “Assanhado” e “Santa morena”, além de radialista e pesquisador fundamental sobre as raízes do choro. Nascido em 14 de fevereiro de 1918, viveu apenas 51 anos, até o dia 13 de agosto de 1969, quando foi fulminado pelo segundo infarto enquanto chegava em casa de uma visita ao querido amigo Pixinguinha.

Um dos responsáveis por levar adiante o legado de Jacob após sua morte foi o conjunto formado por ele, o Época de Ouro, do qual o violonista Dino Sete Cordas (Horondino Silva) fazia parte. Nascido em 5 de maio de 1918, Dino recebeu esse nome por ser considerado o principal formatador da linguagem do violão de sete cordas. Já como compositor, tem duas canções como seus maiores sucessos: “Aperto de mão” (com Jaime Florence e Augusto Mesquita) e “Pastora dos olhos castanhos” (com Alberto Ribeiro). Dino viveu até os 88 anos, falecendo no dia  27 de maio de 2006 devido a pneumonia.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

Paquetá

10h - Homenagem a Jacob do Bandolim na barca Praça XV/Paquetá - Roda de choro com Pedro Amorim (bandolim), Oscar Bolão (percussão), João Camarero, Rafael Mallmith (violões), Iuri Reis (cavaquinho) e Edu Neves (sax e flauta), entre outros músicos)

11h30 - Casa de Artes de Paquetá: O Choro dos Meninos - Evento para o público infantil: Livramento conta, para crianças, histórias de Jacob, Dino e Pixinguinha.

14h - Casa de Artes de Paquetá: Roda de Choro

Olaria

14h - Praça Ramos Figueira: Roda de Choro no Reduto Pixinguinha - Homenagem a Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Dino Sete Cordas, abrindo a programação local, que inclui apresentação do coral Nós e o Choro e rodas na Rua Custódio Nunes (em frente ao Bar da Portuguesa). Além da música, o local terá também um ateliê a céu aberto (atividades de pintura de painéis, oficinas de argila, oficina de confecção de instrumentos musicais para crianças e jovens) e uma feira de artesanato e gastronomia (feijoada).

Tijuca

16h - Choro na Rua: Praça Saens Pena, esquina com Rua Carlos Vasconcelos - Com Silvério Pontes (trompete), Zé da Velha (trombone), Henrique Cazes (cavaquinho), Alexandre Maionese (flauta), Dudu Oliveira (sopros), Rogério Caetano (7 cordas), Tiago Souza (bandolim), Charlles da Costa (7 cordas), Alessandro Cardozo (cavaquinho), Netinho Albuquerque (percussão) e Rodrigo Jesus (percussão), entre outros.

Centro

Casa do Choro – cinema

10h - Pré-estreia do filme “Choro Carioca: música do Brasil” - Filme de Zeca Ferreira que registra o espetáculo homônimo estreado na Casa do Choro em 2016, com Aquiles Moraes (trompete e fluguel), Cristóvão Bastos (piano), Luciana Rabello (cavaquinho), Mauricio Carrilho (violão) e Magno Júlio (percussão). Ilustrado com pinturas de Cândido Portinari e fotografias do Acervo do Instituto Moreira Salles (entre outros itens iconográficos), o filme tem ainda a participação de Paulo Cesar Pinheiro e depoimentos da historiadora Martha Abreu e dos músicos Pedro Aragão e Déo Rian.

11h - Segunda sessão

Rodoviária Novo Rio – choro itinerante

13h - Música no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) - Embarque do conjunto Os Matutos, na estação Rodoviária, com apresentação ao longo da linha 2 do VLT, até a estação Tiradentes.

Praça Tiradentes – shows

14h - Segura o Dedo - Com Guilherme Falcão (7 cordas), Leo Careca (pandeiro), Paula Borghi (violão), Jamerson Farias (cavaquinho), Rodrigo Milek (clarinete e clarone) e Son Lemos (bandolim);

15h - Quarteto Bandolinata: Homenagem a Jacob do Bandolim - Com Pedro Aragão, Marcilio Lopes, Luís Barcelos e Maycon Júlio (bandolins);

16h - Sexteto Mauricio Carrilho - Com Mauricio Carrilho (violão), Ana Rabello (cavaquinho), Marcus Tadeu (percussão), Pedro Paes (saxofone), Rui Alvim (clarinete) e Tom Hetz (flauta);

17h - Os Matutos - Com Aquiles Moraes (trompete e fluguel), Everson Moraes (trombone), Lucas Oliveira (cavaquinho), Magno Júlio (percussão), Marcus Tadeu (percussão), Marlon Júlio (7 cordas), Maycon Júlio (bandolim e violinha) e Tadeu Santinho (flauta e flautim);

18h - Bandão e Coral da EPM: Tributo a Jacob, Dino, Edino Krieger (90 anos) e Joaquim Callado (170 anos) - Com os alunos da Escola Portátil de Música.

18h30 - Orquestra Furiosa Portátil - Homenagem a Jacob do Bandolim e Dino Sete Cordas

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