Caixa Cultural expõe as obras de Farnese de Andrade

por Filipe Fernandes


O escultor Farnese de Andrade ganha mostra na Caixa Cultural.
(Filipe Fernandes/Rio+Cultura)

A partir da cultura mineira, o sagrado e o profano se encontram da forma mais caótica possível. Essa é uma forma de descrever o trabalho do artista mineiro Farnese de Andrade, cujas produções podem ser conferidas na exposição Arqueologia Existencial, em cartaz na Caixa Cultural.

Sem título, 1994.
(Filipe Fernandes/Rio+Cultura)
Nascido em 1926, em Araguari, Minas Gerais, Farnese foi aluno da Escola do Parque de Belo Horizonte, entre 1945 e 1948, quando veio morar no Rio de Janeiro, onde foi ilustrador de jornais e revistas, como O Diário de Notícias, Correio da Manhã, O Cruzeiro e Manchete. Nos anos 70, passou por diversos países da Europa. Em 1975, volta de vez ao Rio, onde morre, em 1996.

Suas assemblages (montagens) chamam a atenção ao serem construídas em cima de gamelas e oratórios, objetos típicos da cultura mineira, ou ao utilizarem membros "mutilados" de bonecos de plástico, criando uma atmosfera perturbadora.

Outra característica que chama a atenção em seu trabalho é a maneira com que suas obras misturam a religião com a sexualidade. Essa mistura replica as dúvidas, angústias e sentimentos do próprio artista que usa da arte pra tenta compreender sua própria fé.

Para o curador Marcus de Lontra Costa, a obra de Farnese de Andrade influenciou - e ainda influencia - muitos artistas que vieram depois dele. "Farnese foi responsável por abrir caminho para as obras viscerais e/ou românticas de uma geração de artistas que inclui Tunga, Leonilson, Ângelo Venosa e Adriana Varejão", comenta Marcus. "Todos eles nomes que trazem para a arte brasileira um apelo figurativo, simbólico e um grande vigor orgânico, elementos que sempre se mostraram fundamentais no pensamento e ação do artista.

A exposição conta ainda com a exibição do documentário Farnese, de Olívio Tavares de Araújo, e uma entrevista com o curador Marcus Costa. Há ainda alguns textos de poetas, como Hilda Hilst e Walter Benjamin, que ajudam a trazer novas interpretações para o trabalho do mineiro.

O Anjo Anunciador, 1976.
(Filipe Fernandes/Rio+Cultura)


Farnese de Andrade - Arqueologia Existencial
Caixa Cultural - Avenida Almirante Barroso, 25, Centro.
Terça a domingo, das 10h às 21h.
Até 20 de maio.
Entrada Franca.
Classificação: Livre.

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