Tom dramático e referências à cultura africana são destaques de Pantera Negra

por Filipe Fernandes



Em 2008, a Marvel Studios lançava Homem de Ferro marcava o início do Universo Cinemático Marvel. Quase dez anos depois, chega aos cinemas Pantera Negra, contando a história de T'challa (Chadwick Boseman), que se torna o rei de Wakanda, país africano superavançado tecnologicamente, apesar de ser considerado um país subdesenvolvido pelo resto do mundo.

O filme é repleto de referências à
cultura africana. (Divulgação)
O destaque do filme são os elementos africanos inseridos ao longo da história. Absolutamente tudo, desde o figurino até as danças, sem mencionar o sotaque dos atores, ajuda a criar uma atmosfera que celebra a cultura africana e o faz de maneira leve e natural. Fica claro que toda a equipe, incluindo o diretor e os atores reconheciam a importância de levar a África para os cinemas e o faziam com absoluto respeito.

A única derrapada no visual fica por conta da cena em que o Pantera caminha pelas ruas de Wakanda, que mais parecem com a degradante Sakaar, de Thor: Ragnarok, do que com um país africano de tecnologia superavançada.

Assim como Wakanda é um país isolado para o resto do mundo, o filme pouco se conecta com os demais filmes do Universo. Apenas duas breves referências aos acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil. Da mesma forma, não há ganchos nem para Vingadores: Guerra Infinita, tampouco para um segundo filme do Pantera. Apenas um letreiro no final do filme confirma a volta de T'challa em Guerra Infinita.

Angela Bassett é uma das melhores
interpretações de Pantera Negra.
(Divulgação)
Essa distância que o filme toma em relação ao Universo ajuda a estabelecer um tom diferente nesse filme, que é bem mais dramático, principalmente quando analisamos o trabalho do vilão Killmonger (Michael B. Jordan) ou da guerreira Okoye (Danai Gurira). Sem esquecer o trabalho de Angela Bassett, como Ramona, mãe de T'challa. Sem dúvida, Bassett é uma das melhores atuações de Pantera Negra.

O longa deixa um pouco de lado o exagerado alívio cômico, que ainda existe, principalmente com Shuri (Letitia Wright), irmã de T'challa, e Ulisses Klaus (Andy Serkis). Porém, até mesmo com eles o humor parece ir além do simples alívio cômico: as piadas de Shuri demonstram sua personalidade jovem e negra, enquanto as de Ulisses Klaus só comprovam a sua insanidade.

Com Pantera Negra, a Marvel Studios começa a migrar para um tom mais sério, porém sem perder a identidade do estúdio. Ao mesmo tempo, o filme consegue ser divertido e provocador (com direito a tapa na cara de Trump).

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