Parque Lage promove 12 horas de atividades culturais para promover o Queermuseu

por Filipe Fernandes


A Escola de Artes Visuais do Parque Lage promove amanhã o Levante Queremos Queer, a fim de divulgar o financiamento coletivo que busca trazer a exposição Queermuseu para o Rio. Serão 12 horas de atividades culturais gratuitas, como apresentações do Cordão do Boitatá, da bateria da Mangueira, do Afoxé Filhos de Gandhi e uma batalha de poesia organizada pelo grupo Slam das Minas.

O Levante conta ainda com atividades voltadas para o público infantil como a oficina Conexão Pará-Maranhão que apresentará as crianças a danças típicas das regiões Norte e Nordeste, como o carimbó e o cacuriá. Já a oficina Mitologias Afro-brasileiras que compartilha com as crianças um pouco da mitologia africana. Ambas as oficinas acontecem entre 10h e 12h.

A partir das 13h, o diretor e o curador da EAV Parque Lage, Fabio Szwarcwald e Ulisses Carrilho, respectivamente, darão início a uma série de debates que acontecerão no salão nobre. Às 13h30, se discutirá sobre diversidade e censura nas manifestações artísticas, com mediação de Giowana Cambrone (advogada e trans) e participação de Gaudêncio Fidelis (curador da Queermuseu), Letícia Brito (Slam das Minas), Dríade Aguiar (Fora do Eixo), Marcus Galiña (Dramaturgo, Reage Artista).

Às 15h, Adriana Schneider irá mediar um debate sobre o Carnaval, com participações de Flávia Oliveira (jornalista economia), Cristiane Cotrim (Boitatá), Fernanda Amim (pesquisadora do Carnaval), Andreia Correia (Mangueira), Thiago Laurindo (Afoxé Filhos de Gandhi RJ). Por fim, às 16h30, Sammy Brasil (Instituto Black Bom) será a mediadora de o debate A Periferia Grita, com PH Lima (rapper de São Gonçalo), Gleiser Ferreira (CineTaquara), Rebeca Brandão (Leão Etíope do Méier), Dyonne Boy (Casa do Jongo).

Financiando o Queermuseu



A campanha de financiamento começou há cerca de um mês e já arrecadou cerca de R$ 150 mil. Com doações a partir de R$ 20, a campanha visa arrecadar R$ 690 mil até 29 de março. Caso o valor não seja arrecadado até esse dia, as doações são devolvidas integralmente. 80% desse valor será usado na montagem da exposição e nas reformas das cavalariças do Parque Lage.

O restante será utilizado para as taxas cobradas pela plataforma Benfeitoria e para as confecções dos brindes oferecidos. Quem doar R$ 20, por exemplo, terá seu nome impresso no catálogo do Queermuseu; doando R$ 50, terá acesso exclusivo à exposição, três dias antes da abertura; já com R$ 80, o doador ganha um cartaz da exposição.

Para visitar o site do financiamento coletivo, clique aqui.

O que é o Queermuseu?

Fabiano Ristow/O Globo
A exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira foi montada inicialmente no Santander Cultural, em Porto Alegre, e fechada em setembro do ano passado por conta de protestos do Movimento Brasil Livre (MBL), que retiraram as obras de seu contexto a para acusá-las de apologia à pedofilia. Posteriormente, o Ministério Público Federal reconheceu que a exposição não cometeu nenhum tipo de crime e recomendou a reabertura da exposição.

Com curadoria de Marcelo Gaudêncio (Bienal do Mercosul de 2015), a Queermuseu continha 264 obras de 85 artistas brasileiros reconhecidos mundialmente, como Alfredo Volpi, Cândido Portinari e Lygia Clark, que promoviam uma reflexão sobre assuntos relacionados a sexualidade, como expressão e identidade de gênero.

"Reabrir Queermuseu é reparar em parte o dano causado ao patrimônio cultural e artístico brasileiro, ocasionado pelo seu fechamento precoce e autoritário e o processo difamatório associado", afirma o site do financiamento.

Em outubro, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, vetou a montagem da exposição no Museu de Arte do Rio (MAR), alegando que a população carioca não deseja receber a exposição. Porém, de acordo com o site do financiamento coletivo, a população não foi consultada e o prefeito violou os princípios de democracia e manipulou a sociedade.

A exposição está prevista para acontecer em maio, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), após a Escola demonstrar interesse de receber a mostra. Ao contrário do MAR, que é uma instituição da Prefeitura, a EAV pertence ao governo do Estado do Rio de Janeiro, portanto a Prefeitura não tem autoridade para vetar a exposição.

Levante Queremos Queer
Parque Lage - Rua Jardim Botânico, 414, Jardim Botânico (3257-1800)
Sábado, das 10h às 22h.
Entrada franca
Classificação: livre

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