Em defesa da Casa do Jongo!

por Filipe Fernandes


Fernando Frazão/Agência Brasil 

Ontem (9) foi um dia marcado por protestos, na Cinelândia, em defesa da Casa do Jongo, fechado na semana passada por falta de verbas. Participaram da manifestação frequentadores, alunos e apoiadores da Casa.

Fundada em 2015, a Casa do Jongo, localizada no Morro da Serrinha, em Madureira, é a sede do Grupo Cultural Jongo da Serrinha, que busca a preservação do jongo, tradicional dança de origem africana. Até o ano passado, 400 alunos de todas idades tiveram aulas de percussão, canto, esportes e práticas culturais.

Fernando Frazão/Agência Brasil 
Entendendo a crise

Tudo começou com a com o decreto municipal nº 42737, de 1º de janeiro de 2017.De acordo com o artigo 27, "os projetos culturais executados pela Secretaria Municipal de Cultural, que recebam incentivo fiscal do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS (...) não poderão ser contemplados com recursos do orçamento de outras fontes". Como a Casa do Jongo seria financiada pela Lei do ISS, não poderia receber recursos da Secretaria Municipal de Cultura.

O problema é que a verba captada com empresas por meio da lei de incentivo fiscal (ISS) é insuficiente para manter as atividades da Casa que gera um custo de R$ 40 mil por mês, com infraestrutura e pagamento de 23 funcionários. De acordo com a diretora da Casa, Dyonne Boy, apenas a TV Globo investiu no Jongo, em 2017, com R$140 mil

Fernando Frazão/Agência Brasil
Segundo Nilcemar Nogueira, secretária municipal de cultura, uma alternativa para conseguir recursos foram os três editais abertos no ano passado. Porém, de acordo com Dyonne, a Casa não recorreu aos editais porque os tetos das linhas eram baixos. “Nós não temos projetos nesses valores. Temos projetos para um ano, e não um mês. E entendemos, além do mais, que valores tão baixos precarizam a atividade cultural”, afirmou.

A diretora aproveitou para criticar os critérios de investimentos da Secretária Municipal de Cultural. Segundo Dyonne, grupos, como a Casa do Jongo, têm mais dificuldade de captar patrocínio em comparação a instituições que estão na mídia, como a Companhia de Dança Deborah Colker e o Museu do Amanhã. “Estamos dentro de uma favela, atendendo, especialmente crianças, deveríamos ter prioridade”, defendeu. “Não achamos que temos de ser sustentados somente pela prefeitura, mas quais são os critérios? Isso não está claro”

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